quinta-feira, 20 de junho de 2013

Situação de Aprendizagem


Situação de Aprendizagem Leitura e análise de texto

Neandra Lopes de Faria

 

Texto: Pausa, de Moacyr Scliar

Série: 3º série Ensino Médio

Tempo previsto: 4 aulas

Conteúdos: inteiração entre os elementos lingüísticos, tema, conflito, contexto e estilo; metáfora e semântica.

Competências e habilidades: localizar informações relevantes para solucionar problemas apresentados; inferir o sentido das palavras ou expressões no contexto em que elas se apresentam; reconhecer os diferentes elementos internos e externos que estruturam o texto literário.

Recursos materiais: Dicionário; lousa; texto; retroprojetor e computador.

Avaliação: Observação do interesse e a participação do aluno; leitura dinâmica; reescrita do texto mudando o final da história.

1º momento:

Sondagem: levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos através de imagens e questões, como:

O que você imagina encontrar em um texto com esse título?

Quando você pensa em pausa, você imagina o quê?

O que você já sabe sobre esse texto, você conhece esse texto, já ouviu falar sobre ele?

2º momento: Arguições orais.

Em seguida serão apresentadas algumas imagens para aguçar o interesse do aluno e eles deverão responder: “O que vocês imaginam ao olhar estas imagens?

3º momento:

Inicia-se então a leitura do primeiro e do segundo parágrafo. 

         Ás sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu bocejando:

         - Vais sair de novo, Samuel?

Pausa: E agora? Vocês ainda pensam as mesmas coisas ou mudaram de ideia?

Faz-se alguns questionamentos para aguçar mais ainda a discussão.

Após, retoma-se a leitura do texto. Agora com uma leitura dramatizada, o narrador e as personagens interagindo.

         Fez que sim com a cabeça. Embora jovem tinha a fonte calva;  mas as sombrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.

         - Todos os domingos tu sais cedo - observou a mulher com azedume na voz.

- Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.

         Ela olhou os sanduíches:

         - por que não vens almoçar?

         - Já te disse; muito trabalho. Não há tempo, levo um lanche.

         A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu:

         - Volto de noite.

As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.

         Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíche debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.

 

Esfregando os olhos pôs-se de pé:

         - Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje? Friozinho bom este, não é? A gente...

         - Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.

         - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. Estendeu a chave.

         Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.

         Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:

- Aqui, meu bem! – uma gritou e riu; um cacarejo curto.

         Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.

Puxou a colcha e examinou os lençois com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.

         Dormir

         Em pouco dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.

Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso na chão carcomido.

         Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam.

         Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança.

 

Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois silêncio.

         Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.

         - Já vai, seu Isidoro?

         - Já – disse Samuel, entregando a chave, pagou, conferiu o troco em silêncio.

         - Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.

- Não sei se virei – disse Samuel, olhando pela porta; a noite caía.

         - O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.

         Samuel saiu.

         Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

SCLIAR, Moacyr. In. BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997

Atividades em grupo:

Grupo 1

Fazer levantamento do vocabulário e pesquisa sobre o autor.

Grupo 2

Encontrar as metáforas e explicar o sentido de cada uma dentro do processo de comunicação em que estão inseridas.

Grupo 3

Identificar o conflito central e os conflitos periféricos.

Grupo 4

Explicar o tema e o tipo de narrativa

Grupo 5

Reconhecer e identificar todas as expressões de tempo e lugar no texto, explicando-as.

4º momento:

Escrever um final para a história com um Samuel moderno.

5º momento:

Socialização das atividades. Leitura das produções textuais.

 

Quanto a Narrativa:

1.     Leitura atenta e silenciosa do texto.

2.     Leitura dramática, os personagens interagindo e o narrador realizando seu papel na história.

3.     Identificar os tipos de personagens e suas características físicas e psicológicas.

4.     Definir o tipo de narrador e como o identificou.

5.     Identificar o tempo e o espaço em que a narrativa se passa.

6.     Reconhecer o
enredo da narrativa.

7.     Reconhecer o foco narrativo da história.

8.     Localizar no texto as palavras que não conhecem e procurá-las no dicionário. Fazê-los pensar se o fato de não conhecerem tais palavras dificultou o entendimento do texto.

9.     Localizar os verbos no texto e identificar suas flexões

10.                       Perceber a intencionalidade do discurso.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- ROJO, Roxane – Letramento e capacidades de leitura para a cidadania, 2004

2 - SCLIAR, Moacyr – 25 contos de Moacyr Scliar – Livro Falante

3 - Currículo do Estado de São Paulo

4 - SCLIAR, Moacyr. In. BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997

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