Situação de Aprendizagem
Leitura e análise de texto
Neandra Lopes de Faria
Texto: Pausa, de Moacyr
Scliar
Série: 3º série Ensino Médio
Tempo previsto: 4 aulas
Conteúdos: inteiração entre os elementos lingüísticos,
tema, conflito, contexto e estilo; metáfora e semântica.
Competências e habilidades: localizar informações relevantes para solucionar problemas
apresentados; inferir o sentido das palavras ou expressões no contexto em que
elas se apresentam; reconhecer os diferentes elementos internos e externos que
estruturam o texto literário.
Recursos materiais: Dicionário; lousa; texto; retroprojetor e
computador.
Avaliação:
Observação do interesse e a participação do aluno; leitura dinâmica; reescrita
do texto mudando o final da história.
1º momento:
Sondagem: levantamento dos conhecimentos
prévios dos alunos através de imagens e questões, como:
O que você imagina encontrar em um texto com esse título?
Quando você pensa em pausa, você imagina o quê?
O que você já sabe sobre esse texto, você conhece esse texto,
já ouviu falar sobre ele?
2º momento: Arguições orais.
Em seguida serão apresentadas algumas imagens para aguçar o
interesse do aluno e eles deverão responder: “O que vocês imaginam ao olhar
estas imagens?
3º momento:
Inicia-se então a leitura do primeiro e do segundo
parágrafo.
Ás sete horas o
despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e
lavou-se. Vestiu-se e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches,
quando a mulher apareceu bocejando:
- Vais sair de
novo, Samuel?
Pausa: E agora? Vocês ainda pensam as mesmas coisas ou
mudaram de ideia?
Faz-se alguns questionamentos para aguçar mais ainda a
discussão.
Após, retoma-se a leitura do texto. Agora com uma leitura
dramatizada, o narrador e as personagens interagindo.
Fez que sim com
a cabeça. Embora jovem tinha a fonte calva;
mas as sombrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava
ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
- Todos os
domingos tu sais cedo - observou a mulher com azedume na voz.
- Temos muito trabalho no escritório – disse o marido,
secamente.
Ela olhou os
sanduíches:
- por que não
vens almoçar?
- Já te disse;
muito trabalho. Não há tempo, levo um lanche.
A mulher coçava
a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu:
- Volto de
noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o
carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os
guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o
carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíche debaixo do braço,
caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e
sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro
no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada.
Era o gerente.
Esfregando os olhos pôs-se de pé:
- Ah! Seu
Isidoro! Chegou mais cedo hoje? Friozinho bom este, não é? A gente...
- Estou com
pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
- Está bem, não
vou atrapalhar. O de sempre. Estendeu a chave.
Samuel subiu
quatro lanços de uma escada vacilante.
Ao chegar ao
último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com
curiosidade:
- Aqui, meu bem! – uma gritou e riu; um cacarejo curto.
Ofegante,
Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma
cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água,
sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençois com o cenho franzido;
com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na
cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho,
deitou-se e fechou os olhos.
Dormir
Em pouco
dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os
jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo
luminoso na chão carcomido.
Samuel dormia;
sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a
cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas
do ventre, no vale entre as pernas, corriam.
Samuel mexia-se
e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas.
Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a
lança.
Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou
lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois silêncio.
Às sete horas o
despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se.
Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
- Já vai, seu
Isidoro?
- Já – disse
Samuel, entregando a chave, pagou, conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo
que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
- Não sei se virei – disse Samuel, olhando pela porta; a
noite caía.
- O senhor diz
isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do
cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes
recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
SCLIAR, Moacyr. In. BOSI, Alfredo. O conto brasileiro
contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997
Atividades em grupo:
Grupo 1
Fazer levantamento do vocabulário e pesquisa sobre o autor.
Grupo 2
Encontrar as metáforas e explicar o sentido de cada uma
dentro do processo de comunicação em que estão inseridas.
Grupo 3
Identificar o conflito central e os conflitos periféricos.
Grupo 4
Explicar o tema e o tipo de narrativa
Grupo 5
Reconhecer e identificar todas as expressões de tempo e lugar
no texto, explicando-as.
4º momento:
Escrever um final para a história com um Samuel moderno.
5º momento:
Socialização das atividades. Leitura das produções textuais.
Quanto a Narrativa:
1. Leitura atenta e
silenciosa do texto.
2. Leitura
dramática, os personagens interagindo e o narrador realizando seu papel na
história.
3. Identificar os tipos de
personagens e suas características físicas e psicológicas.
4. Definir o tipo de
narrador e como o identificou.
5. Identificar o tempo e o
espaço em que a narrativa se passa.
6. Reconhecer o
enredo da narrativa.
enredo da narrativa.
7. Reconhecer o foco
narrativo da história.
8. Localizar no texto as
palavras que não conhecem e procurá-las no dicionário. Fazê-los pensar se o fato
de não conhecerem tais palavras dificultou o entendimento do texto.
9. Localizar os verbos no
texto e identificar suas flexões
10.
Perceber a intencionalidade do discurso.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1- ROJO, Roxane
– Letramento e capacidades de leitura para a cidadania, 2004
2 - SCLIAR,
Moacyr – 25 contos de Moacyr Scliar – Livro Falante
3 - Currículo do
Estado de São Paulo
4 - SCLIAR, Moacyr. In. BOSI, Alfredo. O conto brasileiro
contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997
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